"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis." Fernando Pessoa

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Do que extraí da dor

 


 

Sinto o peso do mundo em minhas costas

Uma dor lancinante, interminável

Como se tudo de ruim encontrasse um fim em mim

 

Busco entender o porque de tamanha dor

De tanta coisa ruim que recai sobre mim

Já que eu nunca fui assim, nunca fui isso

 

Vejo com clareza que eu não sou ruim

Fui coberto pelo negativo que lançaram sobre mim

As minhas transgressões não são aquelas que me imputaram

 

Errei, muito, e isso não nego

Porém errei de boa fé, não com dolo, não por maldade

Algumas vezes errei tentando acertar

 

Tenho minha parcela de culpa e assumo as minhas faltas

Busco consertar o que é possível e cabe à mim

Nunca desejando despejar no outro a multidão de meus erros

 

Sei da bondade que carrego e do quanto fui acusado injustamente

Não posso olvidar que uma grande carga foi lançada sobre mim

Para, talvez, aliviar o sentimento de culpa alheio

 

Porém não julgo e nem condeno quem assim o faz

Sei o quanto é difícil exercer a humildade de se expor

Praticar o arrependimento e pedir perdão

 

Mas essa carga (que não me pertence) não vou mais carregar

Nenhuma acusação que fuja do arcabouço dos meus erros

Eu tomarei como minha e nem serei tido por culpado

 

Esse mesmo peso que está nas minhas costas para doer

Me faz fortalecido para suportar mais

Para aprender a não carregar a culpa alheia que me imputam

 

De tudo isso sairei uma pessoa melhor, uma pessoa mudada

Que terá caminhos melhores e menos tortuosos

Onde verei o sol brilhar novamente