"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis." Fernando Pessoa

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

27/10/2021

 


O tão temido dia chegou

A cortina se fechou

O espetáculo acabou

Sem aplausos

Sem plateia

 

O que era para ser uma comédia romântica

Virou um drama

Um filme que nunca imaginei ser protagonista

 

Após minha saída de cena

Um palco vazio, inóspito

Uma ausência total de personagens

E nem mesmo o ator que se desnudou em cena

Está mais ali

 

O show acabou

terça-feira, 26 de outubro de 2021

A dor

 

Dói

Meu Deus, como dói

Minha alma está doendo

Choro de dor, de desespero

Não enxergo um só pedaço de mim que não seja dor

 

Parece que estou sendo cortado ao meio

Vivo e sentindo a dor de ser partido

Despedaçado, destroçado

 

Na verdade estou sendo dividido ao meio

Já que de uma só carne

Seremos dois pedaços separados

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Soneto dos 12 anos

 

 Você disse sim pra mim

Eu te pedi em casamento 

E você disse: sim, sim, sim

Mas doze anos já se foram desse momento


Tanta coisa aconteceu

Foram tantas coisas entre boa e ruim

Até que a gente nesse meio se perdeu

E a  história de amor mais bonita teve fim


Quanto tempo o amor dura?

Qual seu prazo de validade?

 Acaba o amor quando diminui a ternura?


Ou se ama apenas quando tem vontade?

Será que foi apenas a paixão em alta temperatura

Que demorou a nos trazer de volta à realidade?

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Soneto do fim

 

A dor que ora sinto é enorme

Meu peito, dilacerado, está aberto

O choro não cessa e nem some

Tudo isso ainda estando perto

 

Penso se conseguirei suportar

O aumento expressivo da dor

Quando o mais terrível medo se realizar

O dia que você da minha vida se for

 

Nunca quis que fosse assim

Um romance com prazo

Algo que tivesse fim

 

Não me conformo com meu erro crasso

De perder uma parte de mim

Por te tratar sem o devido apreço

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Se de amor eu morrer

 

Se de amor eu morrer

Encontrarei paz do lado de lá?

Algo além da dor de sofrer

Do te querer e não ter

Nem mesmo a sua atenção

 

Se de amor eu morrer

Deixarei saudades para quem fica?

Um choro triste de alguns momentos

Ou uma alegria pela partida?

 

Se de amor eu morrer

Deixarei um amor por aqui?

Alguém que chega a pensar como eu

Que o amor é algo tão forte

E que eu valho o sofrimento

 

Se de amor eu morrer

Serei eu lembrado?

Ou passei como um sopro

Uma leve brisa numa tarde cinzenta

De um domingo qualquer

 

Se de amor eu morrer...

Mas ninguém morre de amor

Aprende a conviver com a dor

Ou ao menos disfarçar

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Quebrados

 


A dúvida de até onde devo ir 

Ou de onde é o limite 

Se é que existe limite para isso 

É o que não sai do meu pensamento


Não se tratam de vozes da minha cabeça 

Tampouco de alguém falando comigo 

Senão o meu corpo todo que anseia o teu de volta

 

Mas quão longe, quão fundo devo ir 

Me pergunte o quanto eu quero e te respondo 

Porém queira saber se tenho forças para lutar por algo 

Que eu mesmo já mandei embora, deixei ir 

Pelo amor que eu matei 

O fogo que eu apaguei

 

O que me resta senão a dor 

De saber que eu te perdi 

Que eu perdi o meu amor 

Que minha vida toda desmoronou

 

Nessa hora o forte se vê fraco 

O corajoso se amedronta 

O homem chora como um bebê 

E tudo que eu preciso está chorando lá sozinha

 

Éramos nós 

Hoje não sou mais eu 

E nem mais você 

Somos dois pedaços que não existem separados 

Mas que se quebraram sem conseguir voltar a encaixar

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Lágrimas

 


O quanto pode pesar uma gota de água?

Se cair da torneira, quase nada

Se pensarmos pela sustentabilidade, grande desperdício

Mas e se for uma lágrima?

 

Essa pequena gota sempre pesa muito

Tem o peso de decisões (ou indecisões)

Pesa um passado todo que volta a tona

Cabe um mundo inteiro dentro dela

E ela escorre com mais força quanto maior o mundo que desaba

 

Numa lágrima pode ir uma vida

Pode ir um futuro

Pode ter o arrependimento de um passado

Cabem até as boas lembranças dentro de tão pequena gota

 

Ah se lágrimas fossem palavras

Eu seria um tagarela hoje de tanto que teria a dizer

Até porque as lágrimas que derramo não consertam o que não deveria ter quebrado

sábado, 2 de outubro de 2021

A divisão do indiviso

 
 De dois viramos um
E de um me tornei metade
Porém metade vazia
De não saber quem eu sou
Ou saber a metade do que eu sou

Talvez tenha me sobrado a metade da tristeza
Aquela parte que a alegria já nos fez esquecer
O lugar comum da experiência que esquecemos
Ou que queremos esquecer

Não consigo lembrar do porque sorrir
Tampouco do porque preciso chorar
Parece que é só o vazio
Uma metade vazia de quando o inteiro se partiu